terça-feira, 24 de abril de 2012

Anabeth


Anabeth é o tipo de pessoa
Que se escondia nos bolsos da jaqueta masculina
E ficava ali a dar risadas sozinha dos unicórnios que via no escuro
Nas pequenas brechas de luz do novo dia.

Ela gloriava cada dia sem indiferença
E isto jurava que fazia toda diferença
Alem de que dançava no primeiro badalar após meia-noite
Pois o dia virou, a madrugada veio,
E o Sol, ah o Sol ... Esperava a deixa para se mostrar a ela,
Doce e belo Sol que se mostrava no raiar desconhecido para Anabeth.

Ficava até as 23:00 deitada no chão do gramado,
Com seu maco de cigarros doces,
Dando risadas das constelações e de suas previsões atrapalhadas.
Sem contar das que ela inventada,
Como a constelação do quadro, que apesar de muito tentar, só ela enxergava.

Contava inúmeras 3Marias 
Nem que cada uma estivesse em algum canto do seu céu,
Sempre para ela seriam 3Marias
Por mais que elas mesmos se desconheciam, ela as conhecia com a palma de seu ver.

Enquanto ao entardecer a primeira estrela surgia
Cantava com alegria e um riso bobo nas bochechas :
QUE-BEI-JI-NHO-DO-CE-ELE-TEM    Ó-MEU-ALÉM

Ela beija seu cachorro na boca
Pois só ele tem o gosto selvagem do BEI-JI-NHO-DO-CE

Danca na rua, brinca com as folhas, sente as árvores,
Fazia reverencias japonesas aos cachorros
Pois ela certeza tinha que eles a respondiam. 

No primeiro dia/encantado que a vi,
Perguntei seu nome, e ela me falou que era Batata
Dei risada haha, 
Mas no que vi no seu olho
Percebi que era ela a 
Encarnada-Santa-Maria-Cheia-De-Graca.

 

João Paulo Capovilla Francischini 24-04-2012






sábado, 21 de abril de 2012

Nó sem corda


Consegui novamente perder as redeas de minha mente,
Agora é um lobo feroz que por cada ponto alto achado, uiva
E a cada floresta negra adentra sem mesmo pensar duas vezes.

Perdi meu poder sobre este lobo
Pois os hormônios gritaram mais alto,
E a paixão dolorosa se revelou por meio de um sorriso agora desconhecido.

Ele perambula atrás da caca por toda floresta
Em cada brecha que se acha
Move os olhos insanamente procurando algo para arrebatar seu antigo dono.

Tarjas pretas e cigarros são suas melhores companhias
Em uma de suas muitas florestas sombrias que trilha.
Mas mesmo estas não conseguem seguir seus passos
Velozes em direção ao fatal ultimo ato.




João Paulo Capovilla Francischini 21-04-2012

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Pequeno Grande garoto música


Esta é uma pequena porem grandiosa história
Entre outras tantas do garoto-música.

Ele vivia a falar sobre músicas
E perguntar sobre elas,
Aos que passavam na praça, na rua, na viela.

Um certo dia após conhecer uma certa pessoa,
Começou a levar pãezinhos para os pombos se alimentarem.
Se sentava em um banquinho emprestado do Tio-da-Pipoca.
Este que naquele horário se encontrava muito ocupado.

Enquanto lhes alimentava,
Um certo expectador que sempre lhe ouvia
Perguntou-lhe qual era a música do dia,
E qual era aquela sua nova sintonia.
Logo após quase ter acabado com seus pães 
Apenas restando um que mal conseguia enxergar,
Respondeu com as seguintes palavras : 
"Não uso caixa de som hoje,
Meu coração esta entoando uma nova música/poesia jamais por mim conhecida.
Vejo que sente a vibração,
E para alegria de nossos corações,
Compus uma nova música."

O garoto-música fechou os olhos, e lhe brotou um sorriso no rosto
As pombas quase que por mágica, ou talvez por toda mágica começaram a dançar.
Ouvia-se ao longe um sei-la oque de segundas vozes,
Talvez fosse as pipocas do Tio a estourarem,
Ou quem sabe as arvores nos ventos a se balançarem.

Então do sorriso do garoto,
Uma melodia saiu, algo que de tal forma 
Arrepiava os troncos mais duros
Amolecia as rajadas de ventos mais frias.
Era uma melodia que pelo jeito foi feita para o mundo do dia-a-dia.
Por entre seus lábios, por entre seu sorriso
Fez-se um novo mundo que parecia realmente bonito.

Ele então abriu os olhos
E começou  cantar desafinadamente
"aaaargh"  eu gritei!
O que estava a sua frente perguntou:
"Qual o nome desta música?"
Logo lhe respondeu com um certo brilho no olhar:
"Como amar" Então fechou os olhos logo após responder,
E a melodia recomeçou,
Meu coração a lembrar aquela noite de verão,
Começou a bater.



 




João Paulo Capovilla Francischini 19.04.2012



sábado, 14 de abril de 2012

Retrato

Oque é um retrato?
Imagino como se fosse algo quase falado,
Mas em imagem transformado
Ele quase diz...
Mas para no meio e fica estático.

Ele nao diz.
Se por pouco mostra a nocividade do que ele retrata
E quase por metade mostra o amor,
Mas logo se engana e volta a ser nocivo
Volta a ser foto de parte da memoria.


Mesmo sendo foto não conseguiu demonstrar o sorriso de D. Glória,
Somente seus dentes maus escovados e pelos cigarros amarelados.
Mesmo sendo estático não conseguiu captar o brilho no olhar da criança na plateia do mágico,
Mesmo sendo em parte em tudo,
É tudo que tenho.
Este retrato desnudo de você sendo.




João Paulo Capovilla Francischini 14-04-2012

domingo, 8 de abril de 2012

Relógios ao contrário

Tem coisa mais bela do que rever velhos amigos?
Me pego desprevenido por esta pergunta quase sempre.

Memórias de um verão e outono na rua brincando,
Na escola partilhando os poucos chicletes e assuntos que se tinham,
Na rua dando risadas dos tombos e gargalhadas das piadas sem graça.
Aquela amizade gostosa, acolhedora que se tem na infância.

Lembro ainda que apostava corrida com meu irmão
Para ver quem chegava primeiro em sua casa,
Corríamos e pedalávamos sem parar para somente chegar lá e começar a gargalhar. 

Então veio a mudança de ainda não sei oque,
Que nos separou e no começo muito me fez sofrer.

Alguns anos após
Em um encontro do destino sinto meu celular a vibrar
-Vi você a passar em frente a minha casa, sei que tem algo de estranho. Venha vamos conversar.
- (entre lágrimas empurradas goela abaixo) Estou bem... não precisa se incomodar.
- Fique ai me esperando, já vou me trocar.

Encostado em teu colo, com lágrimas e cafunés, contei o ocorrido e como sempre você foi meu anjo-amigo.

A partir de então, passamos tempos livres nostálgicos.

E para minha surpresa tinha o mesmo perfume de quando éramos crianças.
Esta foi a minha certeza, de que a mágica do mundo estava se entrelaçando no dia-a-dia.



João Paulo Capovilla Francischini 08.04.2012


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Arrepios viris

Desejo pela carne,
Leves mordidas que tornam a pele doce,
Mordidas que entram de fininho e se explodem em arrepios,
Atrás do pescoço, na orelha ou na parte viril.
Mordidas do cio.

Beijos suaves que se dão por ardentes,
Que multiplicam o calor dos corpos jovens suados em uma noite doente.
Beijos que descem para puxar do fundo os desejos reprimidos de um jovem solene.

Caricias trocadas por baixo dos cobertores,
Pouco importando se são amadores
São caricias de jovens que saem da zona do pudor 
E entram no mundo dos amores.

Mundo tão frenético como usar uma droga,
Sendo uma droga usada por todos.
A droga do sexo,
Que se levanta a cada noite,
Clamando por novos sabores,
Por novos beijos e arranhões gritantes,
Na noite silenciosa de dois amantes.

E em seu final o repuxo do êxtase
Reprimido, soltando um novo grito de libertação.
E o beijo final que se da por cansaço,
O nobre ultimo ato
De mais uma noite afinal.
E la se vão dois corpos suados,
A sonhar enrolados,
Na noite que se vem no mesmo passo.






João Paulo Capovilla Francischini 06.04.2012

domingo, 1 de abril de 2012

Resquícios de uma barba

15 anos
Já se começa a encorpar,
Pratos fundos, montanhas de comidas.

E a barba...
Barba com fios pequenos,
Com fios grandes,
Barba que perturba e rala ao tocar.

Aos 8 sonhava em barba ter,
E com meu pai a frente do espelho a me ensinar,
Como uma barba aparar.
Aos 13 já não gostava da ideia de espinhas,
IMAGINE uma barba mesmo que rala para atrapalhar !
E agora aos 15 quase 16 vejo a barba crescer,
Mas e ai, cade meu professor a me ensinar?

Já se foi a esperança de meu professor ter,
Vida, ó vida... Meu professor se foi com o manejar das laminas de barbear.
Pelo menos sei que do bigodinho não deve ser tão diferente,
Somente mais delicadeza e creme para o rente barbear.

Olhe só!
A barba fiz.
Liso meu rosto esta,
3 cortes por passada de gilete (como arde!)
Não deve ser tão ruim,
Afinal tive a Vida como professor
E agora sei como me barbear.


João Paulo Capovilla Francischini 01.04.2012