terça-feira, 20 de novembro de 2012

A permanência de um Cigano


Sera que alguém já percebeu,
Que um dia de cada vez, 
Indo por partes,
Todos gostamos de ser achados? 

Que achem nossos segredos, 
Nossos piores pesadelos, 
Nossa caixinha de lembranças, 
Até mesmo aquele fetiche horrendo. 

Porque achando isto, 
Nos acha um pouco, 
Nem que seja só mais um pedacinho.
Nos achamos com ternura naquele fato que não tem rua, 
Mais escondido que achado pelo mundo a fora. 

Guarda-te o segredo para acha-lo no tumulo, 
Guarda-te oque deve ser escondido 
Para que te olhem e te vejam na caixinha de musica que o guarda.

Porem sou mais perdido que achado
Sou perdido de amor,
Sou perdido de meus segredos, 
Sou perdido de meus anseios.
Me perco e me acho nesse turbilhão de cores, sons e sabores que permeiam tudo isto achado. 

Apenas me perco para me guardar. 
Apenas me acho para me perder.
Talvez seja esta a permanência da alma de cigano, 
Que se perde se achando, que nunca perde o ponto de referencia

Que afinal era ele e aquele cantinho dele mesmo.




João Paulo Capovilla Francischini 20.11.2012




sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O que Traz

Não sei realmente,
Não sei quantas vezes tentei subir a arvore cheia de espinhos,
Quantas vezes eu perdi a unha do dedão,
Quantas vezes corri atras dos gatos,
Quantas vezes chorei por medo da escuridão.

Me lembro vagamente,
Do cimento da quadra cheio de terra,
Da água fresca da torneira,
Dos pega-pega, pique-esconde, pega-turma e pega-ladrão.

Do meu pai a me jogar na piscina,
Da minha mãe a me ensinar a nadar,
Do sangue e terra no joelho a escorrer,
Ah, como era bom me machucar.

Realmente não ligava,
Para quanto dinheiro precisávamos,
Porque eu estava rico com aquela Fada-dos-dentes.
Comprei com aquele dinheiro e um empréstimo um peixinho de aquário.
Como foi triste quando ele morreu no carro.

Não me vem a cabeça o nome dos que me acompanharam,
Mas me esteve sempre o verbo do que representavam.
Me vem com o Toque do Cajado de Hermes,
Até mesmo o pé de amora que nem mesmo deuses alcançavam o alto,
Mas com certeza, somente com os de baixo eles se deliciavam,
Se sujavam e até mesmo guerreavam, naquele joga-joga de cores borradas na camiseta,
Que era feliz até quando você chegava em casa para ouvir sua mãe gritar.

Se tem algo do qual me orgulho era de ser criança,
Este é um orgulho de uma vida inteira,
Até merecemos ganhar um troféu.
Porque, até mesmo Hermes e Orfeu, não gostam de cantar e carregar
Estes Hades&Perséfone do mundo abaixo de Zeus





João Paulo Capovilla Francischini 05.10.2012

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

SoLua, Kamelot, Serpentes e o Vácuo


- No começo me enganei, pensei que voce era silencio, mas sabia que faltava algo. Você é o som que sobra, é uma parte de cada letra do Livro da Vida, é a paródia que você mesma escreveu.

- Uma cama desarrumada, emana certo calor dos sonhos. Aliás, você comanda mesmo o mundo a sua volta ?

- Comando tudo que toco, mas ainda não me toquei.

- Você já sonhou alguma vez Kamelot ?

- Certamente ja sonhei, mas o sonho ainda não me sonhou. Sempre que sonho sou vazio, sou olhos que veem, ouvidos que ouvem e tatos que sentem, mas não me sou. Como vê, sou uma estatua que ainda não decidiu oque quer ser. Por enquanto sou quimera.

- E essas ninfas em seus pés, elas vão acabar por crescer.

- Já disse que ainda não me fiz, toquei o mundo mas o mundo não me tocou. Não há o porque do mundo me defender, no momento sou apenas metade da paisagem.

Ela se sentou a minha frente, seus cabelos ruivos claros, olhos roxos e tracos finos me deixaram desconfortável. Me mudei um pouco para o lado.

- SoLua ... você sempre esteve antes de tudo. Você é sua própria avó e neta, filha do Tempo e da Coincidência. É dificil de te compreender, mas acho que você é o vácuo onde a serpente se enrola e engole seu rabo.

- A torre toca o céu ou o céu toca a formiga?

- Me responda....

- Eu sou a serpente.

- Mas...

- Você é o vácuo, Road Kamelot, você sempre esteve. Nunca percebeu o jeito que engole o mundo, mas mesmo assim não o é?  Você realmente, tira o folego quando se abre, todo vácuo é Deus do que engole, vazio e cheio ao mesmo tempo. Porem, sinto em lhe dizer, um vácuo quimera ... Quem conseguiria pensar nisso? Mesmo eu que te antecedo não te pensei, porque sinceramente, antes de estar... Você não era.

- Então .... Quais alquimistas conseguiram suprir este vácuo ?

- Os que brincam com rosas vermelhas.

- E os que pintam ?

- Apenas viram o vácuo do avesso, como se fosse um bolso.

- Terei de me ensanguentar para tal então ? Justo eu, estátua de quimera humana incompleta.

- Terá de engolir sangue apenas do que acha que é vida.

Ela se levantou como um gigante, mesmo sendo uma pequena bailarina. Ela se virou para o silencio e me olhou por trás, como se soubesse cada lasca do que eu era naquele momento, e por fim fechou os olhos e se virou.

- Sir Road Kamelot, você é metade da paisagem mas não virou o vácuo somente metade. Não está inteiro. Lhe darei o sonho de viver como humano, então vá e sinta as Letras do livro. Veja o silencio com seus próprios olhos, se engula e seja meu gigante Pequeno preferido.

                                        


João Paulo Capovilla Francischini 24.09.2012

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Não faz sentido


Fecharam a porta a minha frente
Duas trancas diferentes 
"Click"... "Click"
Ainda sinto seu vento passando rente.

Tudo perde a razão que nunca teve nestas noites

Sempre gostei do rio frio,
Não dos quentes e atrativos.
E sim dos frios que chamam os de coração em brasas.

As luzes se apagaram,
Quem bateu as palmas desta vez?
O show não acabou!
Quero o resto da peca, quero pular no palco e gladiar um pouco mais.
Tudo que peco é que se abra as cortinas para eu pular na arena
Que se abaixe o plano de fundo, que se ascenda os holofotes,
Que se tiver algum dono do teatro, que solte as coleiras dos leões
Que  jogue do alto as cobras africanas
Que chame ao palco os palhaços mais risonhos
Os cientistas menos loucos
E o fogo mais quente.

Pois apesar de tantos "que's" 
Quero lutar para que quando eu de meu pulo final no rio
As luzes se ascendam e eu observe os que estão na plateia 
E quando finalmente chegar em seu fundo
Molhe os que aplaudiram de pé 
Pois nesta hora, a água irá se aquecer com meu sorriso.





João Paulo Capovilla Francischini 14-06-2012

sábado, 9 de junho de 2012

Velas para meu namorado


Ao mesmo tempo que gritava
Sussurrava contos e fábulas em meu ouvido
Me abracava com os olhos
Me beijava com o sorriso
Era assim ele, deitado na cama  naquele dia frio
Deixando entrar e penetrar as poucas faíscas de sol da manha.

- Por que estais tão longe meu Romeo ?
- Se não quiseres que meu coração te devore, é melhor ficarmos assim.
- Ora ora (disse delicadamente) quanta insegurança, suba na cama comigo logo, não se acanhe, quero uma dança...
-Estais louco ? Uma dança em cima do colchão a esta hora?

Não tive tempo para pensar,
Já estava amarrado em seu braco
Colado em seus olhos
E seu perfume devorava aos poucos minha sanidade.

Não que eu tivesse asas, mas perdi meu chão.
Afundava sem querer a cada passo desmedido

O chão tremeu ousadamente
Ainda não tinha minhas asas, porem certeza eu tinha que ao contrário do chão seus bracos estavam firmes.

-Se me soltar eu te mato.
-Se morrer eu te beijo
-E se o chão chegar ?
-Voltamos para a cama onde tudo é mais intenso, cada palavra, cada chamego.





João Paulo Capovilla Francischini 09-06-2012

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Nas fileiras da cruz cotidiana

Em minha mao direita os 12 pecados
Na ponta extrema da outra as 7 peles do cordeiro
As 3 entradas seladas combatem entre si
Chifres e harpas festejam o fim
6 pernas cavalgantes costuram o céu para uivar
8 tentaculos divinos balancam as estrelas sob o cometa nordico da noite
O Sol traz a chuva selando tais memorias
O portao voante a minha frente tras 6 simbolos 1 brasa e 2 céus dividos pelo homem
Com meus chakras mediterraneos lhe mostro a seta
Que profundidades te acompanhem até a abertura da montanha
Lhe ordeno com meus centavos Lorde dos 18 mares
Torne tais ferros nossos, que se faca a forja em meu olhar !

terça-feira, 29 de maio de 2012

Montanhas de verdade ultrapassam o viver

Ele estava com uma doença cronica,
Em seu leito de morte fui o visitar.
" -Não acredito que meu tio esta a morrer!"

Arrastei a cortina branca, e vi meu tio Arnaldo deitado em uma cama quase que inteira branca.
" - Porra, ele odeia esta cor. Sempre tão colorido foi ! Da próxima vez irei lhe trazer alguns baloes para ele  se animar "

-Oi tio...
- Ora ora, se não é meu sobrinho baitola haha. Não ligue para meu estado, tenho uma coisa importante a lhe dizer.
- Diga seu bichinha rs, sou todo ouvidos.
- O legado de tios. Passe-o a dia-a-a-nte.

Aquele silencio me perfurou certeiramente. Enfermeiras quase que em uma maratona entraram no quarto. Uma delas checou seu pulso, virou o dela.
Estava eu carregando agora o legado. Ainda ressoava em meus ouvidos as ultimas palavras coloridas tão quentes como o ultimo punhado de sol da tarde.

 - Vidas mais tarde -


Minha primeira lembrança do meu tio :
Eu tinha uns 4 ou 5 anos na época, tinha acabado de chegar no almoço em família ( e que família ! ).
Olhei para o alto da escada e vi meu tio, com algumas manchas vermelhas na pele e um rosto que não deixava o riso sair por pouco.
- Olha se não é meu sobrinho baitola !
Algo dentro de mim se separou como um amontoado de borboletas e comecou a voar. Eu estava leve e sabia bem oque falar.
Com meu sorriso banguelo por ter comido um sonho respondi :
- Aah sai fora tio! Você que é bichinha !
- E as namoradas ? Aposto que o pipi ja diminuiu bastante !
- Maior que o seu ! Tenho um poste você palito de dente hahaha!

Comecei a correr, ele correu atrás de mim. Me pegou alguns passos depois, levantou minha camisa e começou a assoprar em meu umbigo.
Fiquei rindo feito louco enquanto me remexia feito lagartixa, dando tapas sem querer em seu rosto.
Quando ele parou ouvi uma voz meio grave ao fundo.
- Oi Ronaldo.

O namorado do titio chegou.

                                                    

João Paulo Capovilla Francischini 29.05.2012


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Ipê de nós vermelhos


Dizia ela que cor não se via, 
Se reflete do coração para os olhos,
Dos olhos para a vida.

Que vivo era aquele ipê que eu senti à minha frente,
Sentia seus galhos espalhados pelo céu,
E sua semente, germinando e pulsando a vida nele.

Dizia ela que as pétalas vermelhas,
São nós que brincavam nos ventos,
Eram buques de flores livres,leves e soltos.
De casamento eram os buques,
Casamento de vento e chuva, terra e ar.

A lenda dizia que o primeiro nó vermelho 
Foi da alma com a vida, que se entrelaçaram para viverem e refazerem o ciclo
Não importando despedidas, sempre se sabendo que em outros corpos haveria um recomeço.

Que pétala linda que se soltou do galho, 
Dançando com o vento, até ao quase chão chegar.
Um pouquinho de mágica e arrepios para que a pétala levantasse voo,
Apenas um pouco da mágica de duas almas mais velhas que o tempo, 
Tocando o seu talvez primeiro de muitos nós vermelhos. 


João Paulo Capovilla Francischini 28.05.2012


sexta-feira, 18 de maio de 2012

A Igreja de Charlote


Grã Bretanha, por volta de 1800.
A guerra Napoleônica se instalara.
Caos, fome, receios sobre o futuro eram cotidianos.

Charlote, que por volta dos 10 anos perdera os pais,
Invadira um cargueiro e sem rumo pisou pela primeira vez na Grã Bretanha.
Agora com 11, vivia em uma igreja com freis e frades que não foram admissíveis para abençoamento das tropas.
Charlote era pequena, cabelos crespos e encaracolados, sardas quase cor de vinho.
Era quieta, observava sempre as estrelas. Adorava passear saltitante pela Igreja Encosto dos Santos.

A pequena cidade em que fora levada quase como escrava, era cercada por montanhas.
A única igreja da região era a Encosto dos Santos, que se situava entre uma cadeia de montanhas.
As duas maiores montanhas na qual ela se apoiava eram : Eduardo o Confessor e Eduardo o Mártir.

Embora não ligasse para suas roupas escassas, ela sempre se aquecia com um bom livro sobre astrologia.
Era frio, Charlote jurava que seus olhos viravam vidros secos e opacos sempre que saia para passear.

Certo dia quando as estacoes estavam para mudar, o amanhecer apareceu vermelho no horizonte.
Da janela do seu quarto podia se ver o nascer do sol.
Que janela misteriosa era aquela que Charlote imaginava no mosaico, Eduardo o Mártir chorando fogo ao raiar. No principio se assustava e se escondia nos mantos, mas de tempos para cá ela chorava com ele.
Passava o dedo nas pálpebras úmidas e molhava os olhos do santo. E continuava ali até que o sol se levantasse e formasse sua aureola.

Ouviu um barulho ensurdecedor, era hora do café. Se levantou e percebeu as manchas de sangue no colchão. Gritou até que o frei James apareceu. Este era seu preferido, pois tinha olhos folgados e rosto simpático, sempre lhe contava histórias sobre santos porem sua preferida era sobre a taca do Santo Graal.
Desta vez, após um banho colocou-a em seu colo e lhe contou a história sobre a Virgem Maria.

- Virgem como você, vivia em um lugar diferente. Areia se via por todo lado onde vivia. Poucas ovelhas e seus pastores vagavam em busca da vida naquele lugar. Maria tinha sua idade e sonhou com o filho do Criador. Neste sonho recebeu um cálice e o sangue da vida nele despejou. Assim alguns meses após, Nasceu o filho do Senhor, nasceu da vida que emanara do cálice. Nasceu da esperança  na vida que Maria tinha. Assim como você Charlote, Maria era mulher da vida, era filha das estrelas e de seus olhos emanaram o brilho no qual nasceu o amor.

Charlote, se aprofundou no mundo de Maria. Quase nem percebia os carinhosos chamegos do frei em seus cabelos. Charlote adormecera vendo o brilho nos olhos da Virgem.

Ao acordar, correu para a sala de refeiçoes. Rezou, comeu a aveia na tigela de madeira e foi dar voltas pelas vigas da igreja.
Estava uma neve fraca, quase impossível de se acumular. De inteligente que era deduzira : que bom, quando a cortina preta do céu vier, irei ver o luar.

Ao entardecer, correu para o quarto se arrumar para a prometida noite. Eduardo o Mártir estava quieto, rezando como em todas as tardes. Colocou um manto esfarrapado marrom (seu preferido) e foi para o topo da colina.
No jardim que por pouco não tocava o céu conversou com o Mártir e com o Confessor. Contou-lhes sobre Maria e seu sucessor.
Ao anoitecer, a unica neve que caia eram as gotas d'agua das arvores ao redor. Arvores leves e robustas que permitiam Charlote as escalar e o céu ver.
Quando a primeira estrela surgiu, Charlote abriu um sorriso de orelha a orelha. Mas ao perceber a estrela que nascera no dia, viu que era vermelha. Estava morrendo, explodindo, fosse oque fosse, Charlote sabia que era sua ultima noite, embora ainda fosse dia.
Ficou sem esperanças, pois mesmo a estrela com o brilho do ano passado estava a falecer.
Charlote chorou e apareceu a lua, lhe implorou para que fizesse sua querida estrela renascer.
A lua por sua vez iluminou a borboleta : Vermelha, branca e preta. Ela também tinha somente mais um dia de vida, mas estava o usando para Charlote perceber. Nem mesmo as constelações são eternas, Leão, Aquário, Sagitário ... todas viriam a falecer.
Recorrendo ao Santo, pediu com toda forca de suas sardas :
- Mártir, lhe ajudei com suas lágrimas. Sangrei junto a ti.

A noite silenciosa abafou seus pensamentos. Charlote tomou a borboleta as mãos, e sentiu seu vermelho do sangue matutino, viu seu preto do céu acima e penetrou no branco da tristeza da lua.

Então decidiu que aquele seria também seu ultimo dia. Charlote se permitiu ser invadida pela vida.
Viveu intensamente e 9 meses se passaram sua alma. Nos últimos segundos, fez das duas montanhas seu cálice, despejou o sangue da vida, flutuou com a borboleta até a risca do céu, eclodiu e se tornou a estrela prometida.
Charlote, a estrela dos que buscam comida ou família. Era ela agora a minha estrela Dalva preferida.



João Paulo Capovilla Francischini 18.05.2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Minhas Putas em vermelho - Neblina angelical

Elizabeth e eu caminhávamos por entre o tempo da vida,
Estava nublado, estava sangrando o céu.E nós,
Bom... nós estávamos respirando as lágrimas de anjos que falharam em proteger.
... nós falhamos primeiro.

Um pouco mais a frente, ao lado da arvore-seca-de-serpentes
Me perguntou :
- O que vai escrever em sua lápide?
- Talvez eu mande desenhar uma seta sem pontas, uma seta redonda. E você?
- Uma garrafa de vinho ...
- Ora bolas. Por que uma garrafa de vinho? Nem alcoólatra você é !
- Não de álcool talvez, mas a vida me embebedou. No meu último sono, querei ficar bêbada também.
- Gosta tanto de dormir assim?
- Todos gostamos nem que por um fatídico dia, fingir um suicídio ao deitarmos na cama.

Fiquei meio abalado por ouvir palavras diretas. Enfim continuamos a andar.
Dei-me o seu braco, me entrelacei a seu sorriso e :
- Nós andamos iguais, nós andamos iguais. De um lado pro outro, pra frente pra trás, nós andam...
-O que foi ? Tava começando a pegar o jeito do seus passos agora poxa.
- Olhe! Achei um pedaço de paixão, semi-novo quase faiscando.
- Chute logo! Esqueceu da regra ? Tem que o chutar para frente, caso contrário vai virar semente.

Assobio do vento, neblina vermelha dando espaço à esperança, baque, assobio decrescente e...

- Ora ora, não é que deu certo ! Caiu em um lago !

O sorriso dela gritava em meus ouvidos. Me agarrou, entrelaçou-se em meu braco :
-Nós andamos iguais, nós andamos iguais...
- Que janela é esta em seu sorriso ? Nunca imaginei que um quadro poderia ser perfeito apenas pela moldura.
- ... De um lado pra outro, pra frente pra trás. Nós andamos iguais! [...] Li em um olhar, que neblina densa forma essas pedrinhas. Não percebe ? Estamos nos afogando enquanto respiramos este ar, estamos nos tornando pedra que ostenta o lar da borboleta que vive um dia, estamos nos tornando aos poucos pedras de amor. Quem irá nos chutar ?
- Que olhar de criança-esperança este que me brota nas orelhas, vejo o som das águas sangrando as paixões latentes deste mundo. Quem irá nos chutar?

Andamos até o lago calmo, posei-me no cume da montanha que dividia realidade e amor. Terra e mar.

Um grito continuo, a neblina dando licença e um molhado que nem peixes podem imaginar.
Eu era sangue, eu era vivo, eu corria por entre meus órgãos vitais.
Não era mais um simples nicho, o rio que eu nadara era um Mar !

-Agora venha Lizzy, mande-me um beijo e vamos nadar!
- Não posso, não devo. Já tingi meus lábios, agora serei pedra. Vou me afundar e afundar. Nade até não ter mais sangue, então me engula e criaremos um novo mar!




João Paulo Capovilla Francischini 14.05.2012


sábado, 12 de maio de 2012

Minhas Putas em vermelho - Onde começa o céu


O céu estava vermelho.
O cabelo de Elizabeth era escarlate
Seu olhar negro e sereno.

Deitada no mar de grama que dividia o sonho com a realidade
Elizabeth se misturava com a paisagem assim como a inventara.

Balbuciava a história da primeira prostituta em vermelho : 
Prima Vermelha, prostituta que vivia no Reino Unido dos anos 80.
Naquele dia nevava muito, algumas flores sem nome ou cor cortavam o vento que as cortava.
Era seu sétimo programa do dia, se sentia exausta e sem cor alguma que a definia.

James Clerk, fotógrafo, era seu cliente preferido. O mesmo que deitado no sofá estava com ela.
Ele pagara por um programa pois tinha acabado de inventar a fotografia colorida,
Estava tão alegre que Prima jurava que sentia sua excitação em suas gemidas.



James quis experimentar  primeira foto com Prima. 
Ela não quis no começo, porem foi pega de surpresa sendo arrumada pelo Sr. Clerk.
De dorso nu, calcinha quase que brasileira ela foi posta ousadamente no sofá.

No tempo em que ela esperava pelo click, pensara sobre sua vida.
Enlouqueceu nos segundos que estava estática,
E quando finalmente o botão afundou, ela berrou para o mundo abafado ouvir.
Tacou fora tudo que tinha, em um berro fascinantemente surdo.

James sabia que era tarde agora a primeira foto colorida já tinha saído.
Ao revelar-la deu um pulo para trás. Era coloridamente desconhecida, era vermelho, era viva!
A foto pintou o vermelho das flores que nao se conheciam,
Gritava calorosamente o nome daquelas mortas e esquecidas.
Fez-se sangrar a neve aquela noite, pois Prima Vermelha se deu por vencida
Vencida pela cor vermelha, pela paixão que queimava nos gemidos, pelo fogo que aquecia os esquecidos.
E assim nasce aquarela vermelha, que de tão sólida se tornou centelha no coração dos que pela vida 
Foram vencidos e por fim renasceram.

Voltando ao mar verde, Elizabeth falou algo que ressoava nos seus cabelos escarlate
Ela disse:
Semanas e semanas passei neste mar para descobrir onde começa o céu 
Pensei, enlouqueci.
Mas sei que o céu começa ao pularmos, e termina nos meu cabelo escarlate.
Ele pode sangrar, formar rios de sangue enquanto os penteio.
Mas o céu la de cima 
Sangra a primeira puta em vermelho.

 

João Paulo Capovilla Francischini 12.05.2012




quarta-feira, 2 de maio de 2012

Liberte seus sapatos, cuidado onde anda.


Aquele sentimento de estar quase escapando, 
E mesmo com as mãos sangrando não deixar escapar 
E no fim implacável, cair de rosto no chão áspero,com lagrimas a soltar. 
Era isso minha triste definição de amor,
Me custou muito a informação de que não mais devo segurar. 
Devo de todos meu medos, meu amores, me soltar e acompanha-los como um gentil dono a caminhar. 

 Esses dias atrás caminhei com um desses cachorros mestiços, 
Passamos pela cozinha, passamos pela sala de jantar. 
Os convidados postos a mesa, elegantes trajes de gala a brindar. 
Brindavam algo como prosperidade e dinheiro, 
Meu cão abanou o rabo e começou a rosnar. 
Ao invés da coleira por, deixei-o latir e quando era o ápice de meu temor, comecei a dançar. 
Mistos de valsa e tango fluíam de meus pés, 
Perigosos como tiros de foguete em conjunto com um beijo ardente.
Era como se cada passo explodisse o chão, ou talvez fossem meus sapatos. 
Que nobres e únicos passos aquela noite eu dancei... 
Enquanto todos olhavam perplexos -Quem é este palhaço ? 

Quando dei por mim estava no espaço,
Brilhando junto aos astros, sorrindo em conjunto com a lua. 
Senti as ondas do Sol, mas não estava no mar. 
Ouvi o barulho do céu atormentador a se aumentar e aumentar. 
Então houve o puxão, desci desci desci ate o chão.
Estava lá eu estático no piso de meu palácio, 
Procurando no meu único maço o ultimo cigarro para acender,
Enquanto ouvia dizerem em alto e bom som: - humpf, mas que garoto problemático ... 

 A chama se ascendeu e o mundo se tornou simpático.


 


João Paulo Capovilla Francischini 02-05-2012

terça-feira, 24 de abril de 2012

Anabeth


Anabeth é o tipo de pessoa
Que se escondia nos bolsos da jaqueta masculina
E ficava ali a dar risadas sozinha dos unicórnios que via no escuro
Nas pequenas brechas de luz do novo dia.

Ela gloriava cada dia sem indiferença
E isto jurava que fazia toda diferença
Alem de que dançava no primeiro badalar após meia-noite
Pois o dia virou, a madrugada veio,
E o Sol, ah o Sol ... Esperava a deixa para se mostrar a ela,
Doce e belo Sol que se mostrava no raiar desconhecido para Anabeth.

Ficava até as 23:00 deitada no chão do gramado,
Com seu maco de cigarros doces,
Dando risadas das constelações e de suas previsões atrapalhadas.
Sem contar das que ela inventada,
Como a constelação do quadro, que apesar de muito tentar, só ela enxergava.

Contava inúmeras 3Marias 
Nem que cada uma estivesse em algum canto do seu céu,
Sempre para ela seriam 3Marias
Por mais que elas mesmos se desconheciam, ela as conhecia com a palma de seu ver.

Enquanto ao entardecer a primeira estrela surgia
Cantava com alegria e um riso bobo nas bochechas :
QUE-BEI-JI-NHO-DO-CE-ELE-TEM    Ó-MEU-ALÉM

Ela beija seu cachorro na boca
Pois só ele tem o gosto selvagem do BEI-JI-NHO-DO-CE

Danca na rua, brinca com as folhas, sente as árvores,
Fazia reverencias japonesas aos cachorros
Pois ela certeza tinha que eles a respondiam. 

No primeiro dia/encantado que a vi,
Perguntei seu nome, e ela me falou que era Batata
Dei risada haha, 
Mas no que vi no seu olho
Percebi que era ela a 
Encarnada-Santa-Maria-Cheia-De-Graca.

 

João Paulo Capovilla Francischini 24-04-2012






sábado, 21 de abril de 2012

Nó sem corda


Consegui novamente perder as redeas de minha mente,
Agora é um lobo feroz que por cada ponto alto achado, uiva
E a cada floresta negra adentra sem mesmo pensar duas vezes.

Perdi meu poder sobre este lobo
Pois os hormônios gritaram mais alto,
E a paixão dolorosa se revelou por meio de um sorriso agora desconhecido.

Ele perambula atrás da caca por toda floresta
Em cada brecha que se acha
Move os olhos insanamente procurando algo para arrebatar seu antigo dono.

Tarjas pretas e cigarros são suas melhores companhias
Em uma de suas muitas florestas sombrias que trilha.
Mas mesmo estas não conseguem seguir seus passos
Velozes em direção ao fatal ultimo ato.




João Paulo Capovilla Francischini 21-04-2012

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Pequeno Grande garoto música


Esta é uma pequena porem grandiosa história
Entre outras tantas do garoto-música.

Ele vivia a falar sobre músicas
E perguntar sobre elas,
Aos que passavam na praça, na rua, na viela.

Um certo dia após conhecer uma certa pessoa,
Começou a levar pãezinhos para os pombos se alimentarem.
Se sentava em um banquinho emprestado do Tio-da-Pipoca.
Este que naquele horário se encontrava muito ocupado.

Enquanto lhes alimentava,
Um certo expectador que sempre lhe ouvia
Perguntou-lhe qual era a música do dia,
E qual era aquela sua nova sintonia.
Logo após quase ter acabado com seus pães 
Apenas restando um que mal conseguia enxergar,
Respondeu com as seguintes palavras : 
"Não uso caixa de som hoje,
Meu coração esta entoando uma nova música/poesia jamais por mim conhecida.
Vejo que sente a vibração,
E para alegria de nossos corações,
Compus uma nova música."

O garoto-música fechou os olhos, e lhe brotou um sorriso no rosto
As pombas quase que por mágica, ou talvez por toda mágica começaram a dançar.
Ouvia-se ao longe um sei-la oque de segundas vozes,
Talvez fosse as pipocas do Tio a estourarem,
Ou quem sabe as arvores nos ventos a se balançarem.

Então do sorriso do garoto,
Uma melodia saiu, algo que de tal forma 
Arrepiava os troncos mais duros
Amolecia as rajadas de ventos mais frias.
Era uma melodia que pelo jeito foi feita para o mundo do dia-a-dia.
Por entre seus lábios, por entre seu sorriso
Fez-se um novo mundo que parecia realmente bonito.

Ele então abriu os olhos
E começou  cantar desafinadamente
"aaaargh"  eu gritei!
O que estava a sua frente perguntou:
"Qual o nome desta música?"
Logo lhe respondeu com um certo brilho no olhar:
"Como amar" Então fechou os olhos logo após responder,
E a melodia recomeçou,
Meu coração a lembrar aquela noite de verão,
Começou a bater.



 




João Paulo Capovilla Francischini 19.04.2012



sábado, 14 de abril de 2012

Retrato

Oque é um retrato?
Imagino como se fosse algo quase falado,
Mas em imagem transformado
Ele quase diz...
Mas para no meio e fica estático.

Ele nao diz.
Se por pouco mostra a nocividade do que ele retrata
E quase por metade mostra o amor,
Mas logo se engana e volta a ser nocivo
Volta a ser foto de parte da memoria.


Mesmo sendo foto não conseguiu demonstrar o sorriso de D. Glória,
Somente seus dentes maus escovados e pelos cigarros amarelados.
Mesmo sendo estático não conseguiu captar o brilho no olhar da criança na plateia do mágico,
Mesmo sendo em parte em tudo,
É tudo que tenho.
Este retrato desnudo de você sendo.




João Paulo Capovilla Francischini 14-04-2012

domingo, 8 de abril de 2012

Relógios ao contrário

Tem coisa mais bela do que rever velhos amigos?
Me pego desprevenido por esta pergunta quase sempre.

Memórias de um verão e outono na rua brincando,
Na escola partilhando os poucos chicletes e assuntos que se tinham,
Na rua dando risadas dos tombos e gargalhadas das piadas sem graça.
Aquela amizade gostosa, acolhedora que se tem na infância.

Lembro ainda que apostava corrida com meu irmão
Para ver quem chegava primeiro em sua casa,
Corríamos e pedalávamos sem parar para somente chegar lá e começar a gargalhar. 

Então veio a mudança de ainda não sei oque,
Que nos separou e no começo muito me fez sofrer.

Alguns anos após
Em um encontro do destino sinto meu celular a vibrar
-Vi você a passar em frente a minha casa, sei que tem algo de estranho. Venha vamos conversar.
- (entre lágrimas empurradas goela abaixo) Estou bem... não precisa se incomodar.
- Fique ai me esperando, já vou me trocar.

Encostado em teu colo, com lágrimas e cafunés, contei o ocorrido e como sempre você foi meu anjo-amigo.

A partir de então, passamos tempos livres nostálgicos.

E para minha surpresa tinha o mesmo perfume de quando éramos crianças.
Esta foi a minha certeza, de que a mágica do mundo estava se entrelaçando no dia-a-dia.



João Paulo Capovilla Francischini 08.04.2012


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Arrepios viris

Desejo pela carne,
Leves mordidas que tornam a pele doce,
Mordidas que entram de fininho e se explodem em arrepios,
Atrás do pescoço, na orelha ou na parte viril.
Mordidas do cio.

Beijos suaves que se dão por ardentes,
Que multiplicam o calor dos corpos jovens suados em uma noite doente.
Beijos que descem para puxar do fundo os desejos reprimidos de um jovem solene.

Caricias trocadas por baixo dos cobertores,
Pouco importando se são amadores
São caricias de jovens que saem da zona do pudor 
E entram no mundo dos amores.

Mundo tão frenético como usar uma droga,
Sendo uma droga usada por todos.
A droga do sexo,
Que se levanta a cada noite,
Clamando por novos sabores,
Por novos beijos e arranhões gritantes,
Na noite silenciosa de dois amantes.

E em seu final o repuxo do êxtase
Reprimido, soltando um novo grito de libertação.
E o beijo final que se da por cansaço,
O nobre ultimo ato
De mais uma noite afinal.
E la se vão dois corpos suados,
A sonhar enrolados,
Na noite que se vem no mesmo passo.






João Paulo Capovilla Francischini 06.04.2012

domingo, 1 de abril de 2012

Resquícios de uma barba

15 anos
Já se começa a encorpar,
Pratos fundos, montanhas de comidas.

E a barba...
Barba com fios pequenos,
Com fios grandes,
Barba que perturba e rala ao tocar.

Aos 8 sonhava em barba ter,
E com meu pai a frente do espelho a me ensinar,
Como uma barba aparar.
Aos 13 já não gostava da ideia de espinhas,
IMAGINE uma barba mesmo que rala para atrapalhar !
E agora aos 15 quase 16 vejo a barba crescer,
Mas e ai, cade meu professor a me ensinar?

Já se foi a esperança de meu professor ter,
Vida, ó vida... Meu professor se foi com o manejar das laminas de barbear.
Pelo menos sei que do bigodinho não deve ser tão diferente,
Somente mais delicadeza e creme para o rente barbear.

Olhe só!
A barba fiz.
Liso meu rosto esta,
3 cortes por passada de gilete (como arde!)
Não deve ser tão ruim,
Afinal tive a Vida como professor
E agora sei como me barbear.


João Paulo Capovilla Francischini 01.04.2012





sexta-feira, 30 de março de 2012

Lulu-san

Com o som no último volume ( Nirvana-Come As You Are),
Ainda sinto o ressoar dos últimos episódios da vida de Lelouch vi Britannia.

Mais um anime se foi,
Mais um modo de me  atrasar os pensamentos próprios talvez?!
(Come as you are, as you were)

Lulu derrotou seu pai,
O mesmo que matou sua mãe.
Viu novamente sua mãe,
A mesma que mentia com seu pai.
(As an old memory,memory).

Destruiu o mundo inteiro,
Pois para sua irma o queria perfeito.
A mesma irma que perdeu a visão e as pernas no atentado antigo contra a mãe.
(come dowsed in mud, soaked in bleach, as I want you to be)

Lulu se tornou o demônio pessoal do mundo
Suas guerras contra o Rei, seu pai,
Dividiram o mundo em dóis
E seu coração em vários pedaços que ficaram trancafiados.
(And I swear that I don't have a gun)


E no final,
Após de achar que derrotou todos seu inimigos,
Fez um trato mortal com seu melhor amigo.
Disse Lelouch :
Na cerimonia que matarei meus antigos companheiros que lutaram comigo,
Quero que você me mate.
Use a máscara da justiça e a espada de uma verdade
Você vai se tornar o herói,

Que reconstruirá o mundo agora sem guerras, 
Pois por mim foi unido,

Você meu melhor amigo.
(memory,memory.)


"Os únicos que podem atirar são aqueles que estão preparados para levar o tiro." Lelouch vi Britannia 





João Paulo Capovilla Francischini 30-02-2012




segunda-feira, 26 de março de 2012

Another side

Depois do terrível ano
Perguntaram :
- Você ja chorou suas lágrimas ?
- Cry ?!
- Ja colocou oque sente do lado de fora? 
- Another side ?!
- Se apoie e vivencie o passado, sou a mão que vai lhe ajudar a sair deste rio.
- Support ?!

Me é ainda tudo tão lembrado, 
Tão nostálgico é respirar!
Nunca coloquei para fora oque senti,
E ainda sinto borrões lascados do passado.
Esperando pelo batida certeira no coração 
Quem sabe eu explodiria
E a culpa não seria mais minha.
A culpa não seria mais minha...


João Paulo Capovilla Francischini 26-03-2012

domingo, 25 de março de 2012

Que seja oque tiver de ser

Nada disse ao vivo após aquela festa,
Fui embora chorando perdido pelas calcadas,
Pela internet conversamos,
E soube que sua mãe não permitira,
Nosso antes sorridente namoro.

Lembro-me bem do final.
Ultimo dia de julho,
3 dias antes de meu horrível aniversario,
8 dias antes da briga final com minha mãe.

Agora por terceiros me fala
18 anos tenho, carro logo mais,
Irei lhe buscar para possuir-te.
(Ainda não me possui?) 

E agora?
Estou feliz mas ao te ver lágrimas rolarão, 
Se quer somente meu corpo que fale logo, pois quero seu coração. 

Mas quem sabe,
Este seja aquele beijo que me prometeu?
Aquele abraco que no final de julho não me deu.

É doce esta tortura que me faço,
Porem já me decidi que em seu carro subirei
E que seja oque tiver de ser,
Quero arriscar, é melhor que perder.



João Paulo Capovilla Francischini 25-03-2012

terça-feira, 20 de março de 2012

Vitória-Regia

Podem contemplar o o céu,
Se balançar suavemente com o rio
E ser uma beleza digna de trovas.

Então me pergunto : 
Porque olhou ela de cima naquela clínica? 
Ela,
Pobre de dinheiro,
Sorriso caído com perfume de cigarros.
Porem ainda acho que é outra belíssima vitória-regia,
Presa no mesmo fundo que ti,
Flutuando no mesmo lago.

Não tinha o direito.

Ela fuçou na caixa de doações
Achei que ia pegar a camisola roxa
Escolheu o sapato de plataforma 
E deixou o velho lá.
Deixou o velho lá.

Mesmo assim,
Escolheu dirigir o olhar a ela de cima,
Com olhos revirados e boca torta.

Ela que tinha mexido nas doações
Saiu pela porta,
Poucas presenças a notaram.
Era como se ela fosse o fantasma esquecido do natal passado.
E ela o era,
Pois por mais vitória-regia
Se achou como um fantasma no fundo do riacho.



João Paulo Capovilla Francischini 20-03-2012

domingo, 18 de março de 2012

Caixinha de oceanos

Com todas suas palavras,
Caminhava em minha direção.
Dedos correndo sobre o teclado. 
Nervosismo que não era acalmado.

Estava andando serenamente,
Mesmo que longe, podia ver teus olhos,
Me desconfigurando.

Como se fosse eu a presa,
E você o inabalável caçador.

Você e meu passado,
Mas não vem andando com lagrimas,
Onde elas foram ?
Me lembro vagamente que elas tinham o calor inebriante,
Do colo de meus pais.

Sem cigarros ou amigos,
Aqui estou caminhando ao lado da historia mais fria já contada.
Caminhando pela caixa que me segura,
A qual pretendes abrir.





João Paulo Capovilla Francischini 18-03-2012

quarta-feira, 14 de março de 2012

Ouvi o universo sussurrar


Presenciei o céu descendo ao mar,
Gloriosas águias protegendo seu voar,
Uma chuva de meteoros que indicou que o desafio estava lá,
Raios e relâmpagos desceram a terra, para presenciar,
O tambor da guerra a relinchar.

É uma guerra que me espera ao pé do céu,
E na costa do mar aberto espero na ilha de céu coberto.

Esta é a pior hora,
Esperar.
Meu inimigo,
Meu mosaico sem face,
Esta a se preparar.

Aguçar ou não os sentidos em uma guerra contra a emoção ?
Minha visão será a Cegueira,
Meu corpo ira ser protegido pela armadura Coração,
Em meu pingente pendurado na espada estão meus amores,
Para que esta  seja inquebrável.
E em minha alma ,
Terei a serenidade do ressoar do vento,
No ouvido da águia indo em sua direção.



João Paulo Capovilla Francischini 14-03-2012



domingo, 11 de março de 2012

Ainda que...

Com seu sorriso de não sei o que fazer,
Me olhou.
Enquanto com meu sorriso de foi bom te ver,
Apresentei-me o meu novo ser.

Como sempre,
Foi algo sobrenatural.
Meu coração se apertou a ponto,
De rachar e mostrar o que não deveria lembrar.

Logo após acendi meu vicio,
Para tentar acalmar,
Porem sua presença estava lá,
Caminhando comigo,
Nos espaços vazios que meus pés deixavam.

Logo mais tarde olhei para o céu,
Com minha amiga confidente,
E vi os fogos de artifício da estrela cadente se mostrar.
Logo ao seu desvanecer,
Fiz meu desejo de em seus braços estar.

Enquanto jogava conversa fora,
Percebi que aquela estrela que rodopiou e caiu,
Me era familiar.
Ela me lembrou de seus olhos,
Que afagavam o  meu coração no pior do pesar.

“Ainda não sabemos o nome da flor que vimos aquele dia”.




João Paulo Capovilla Francischini 11-03-2012


quinta-feira, 8 de março de 2012

Antes que...

É um frio na barriga no dia-a-dia.
Um medo gostoso que arrepia.
É um medo que faz-se viver,
Algo que se faz por merecer.

A cada dia a mais,
É um dia a menos,
Antes que se acabe,
Sinto que devo ser.

É o medo da morte,
Ou o medo de uma paixão,
Que acabe com tudo,
Que renove tudo,
Antes do final do entardecer.

Viva o viver,
Esse é o dilema de ser.
Exista o que se tem de existir,
Antes do fim do sentir.

Exista, seja,
Faca de tudo para que quando chegue,
Apenas haja,
Mais algo,
Que te levante o espírito,
E se diga :
Eu sou por merecer.



João Paulo Capovilla Francischini 08-03-2012

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Rei

Egocêntrico, acredita nas suas palavras e nenhuma outra.
Canta, dança, pinta, reflete, parte ao meio, multiplica.

É oque é.
Se mente é imperfeito,
Se a verdade o ressoa é porque na verdade foi forjado.

Exclama, interroga, faz-se de bobo, fugaz, escapa entre si.
Pega atalhos, para seu próprio fim sem arrependimento.

Vem de manso até você,
Para o surpreender e faze-lo obedecer.
Vira seu mundo de cabeça para baixo,
Para o lado certo, não suportando desacatos.

Quem o manuseia faz de sua vida algo lirico, algo grandioso,
Tão pequeno quanto o mundo afora.

Definido sempre imperfeitamente,
Faz-se de Rei dentro de cada mente.

Sem limites, limitado por finais imperfeitos dentro da mente de quem o sabe.
É a resposta com um ponto de interrogação.
É o poema que sai pela culatra de minha mão.



João Paulo Capovilla Francischini 27-02-2012

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Pedra sobre pedra, alma sobre alma.

A humanidade sempre quis o de dentro no de fora.
Voávamos a liberdade dentro de nossas almas,
E criou-se o avião.
Conectamo-nos ao mundo com o pensar, com o pulsar,
E se criou a internet e a TV.
Éramos loucos guerreiros contra nós mesmos,
Criou-se a guerra.
Temos belas moradias dentro de nossas almas, com belas pessoas,
E se criou a casa.
Tentamos colocar a alma no sólido, e como previsto saiu imperfeita.
E desta imperfeição muitos vivem hoje em dia, por somente não saber que a plenitude verdadeira não esta.
Simplesmente é.




João Paulo Capovilla Francischini 25-02-2012

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Tenho que...

O rio que navegava lá na colina,
Tem seu redemoinho.
É de um tipo de água vaga,
Que contem sua lembrança.

Fui um tolo,
Achei que estava adormecido,
Mas hoje ao te ver,
Percebi que nunca tinha dormido.

Que sorriso era aquele?
Com um toque de passado,
E uma pitada de maroto.

Seu olhar o qual não consigo definir,
O qual me leva a loucura.

Sei que foi apenas uma troca de ois,
Mas não consigo esquecer.
O redemoinho continua a rodar.
É como se cada ramo estivesse apontando sua direção,
E para la que eu deveria e queria correr.

Mas não,
Aguardo suas palavras no silencio
No meu doce veneno que é esperar.

Proclamo aos céus para que pare de rodar,
Para que uma barragem eu consiga construir,
Para que seu rosto pare de me martelar.

Minha vontade é de abraçar a ansiedade,
Até estourar.
É como se o rio me puxasse,
E só o tempo o pudesse acalmar.

É algo lamentável,
Como um doce menino sorrindo.



João Paulo Capovilla Francischini 21-02-2012

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Ela


No meio desgovernado da folia humana,
Estava no centro da rua ela.

Com seu gingado, que dizia,
Com seu sorriso, poesia.

Pedindo permissão para o chão que a cercava,
E sendo permitida,
Com as mãos para o alto dando graças,
E sendo gracejada.

Dançava sem o medo de ser descoberta,
Dançava com a alegria de não querer saber se estava certa,
Sem o temor das unhas negras que rasgavam o céu ao longe,
Apenas vivendo a dança,
Que naquele instante estava sendo vivida dentro dela.


                                              

 João Paulo Capovilla Francischini 18-02-2012

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

As cores do dia

Rios que teimam em chegar ao mar,
Sacudidos pelos ventos frios da nesvaca que la longe está,
Com seus olhos as estrelas observam,
E para eles brilham iluminando cada um,
De cada jeito diferente que se pode até tocar.
As cores do dia mudaram,
Calor ao frio passam,
Amarelo ao púrpura onde divindades moram,
O mesmo lugar que a  ambição do homem levou,
Quando porem estava em sua frente,
Nada alem de alguns passos na frente de sua mente.
Demônios da garoa vem,
Para tocar suavemente as folhas,
Renovar os círculos,
De cada ramo naturalmente se de desfaz.
As cores do dia mudaram,
Plantando novas sementes,
Na teia que tece toda existência,
Cheio de casulos humanos,
Que almejam ser gente.

 


João Paulo Capovilla Francischini 13-02-2012

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Anja Humana

De pai e mãe,
De lembrança e sentimento,
Nasceu uma menina anjo.

Corajosa,
Nadava contra correnteza.

Determinada,
Subia as nuvens apenas para sentir seu toque aveludado.

Seus corações, seu e de seus amados,
Caminhavam juntos, separados.

Seus piores desafios eram contra a humanidade,
Que lhe jogavam seus espelhos foscos em sua frente,
E um rosto como todo os outros, era julgado diferente.
Porem descobriu,
Que a fé no universo não se perdia com simples espelhos,
E se renovava com os pequenos nichos do Grande Rio,
Que te mostravam o que para maioria é mantido em segredo.

Como todos meros mortais,
Deixou seu corpo falecer,
A partir de então viveu nas lembranças,
E no coração de cada alguém que,
Trilhou junto contigo,
E se fez por merecer.

E no fim da peca os mais calorosos uivos e aplausos,
Para a derrotada pela vida,
Que venceu apesar de tudo,
Menina Anjo,
Meu ser,
Meu tudo.





                                              João Paulo Capovilla Francischini 10-02-2012

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Tristeza

Com seu olhar carente e sofrido,
Na minha frente debruçado esta um belo menino,
Olhos meigos que se põe a chorar,
Afagos ternos do calor de minhas palavras,
Parecem não funcionar.

Entre soluços ele me diz,
Tentei ajudar.
E sua vida,
Que bela é!
Desculpe-me moço,
só a fiz piorar.

Dei-lhe um abraço forte,
Aquele menino doce,
Como seu corpo era frio!
E para piorar,
Estava cheio de vida.

Percebi o caminho que ele fez,
Que o fez,
Por onde seu jeito desengonçado caminhava,
Cascalhos afiados deixava.
Me disse que os queria redondos e macios,
Mas não conseguia,
E sempre continuava a tentar corrigir o erro de outrora.

Que coração mole o meu ficou,
Expliquei-lhe que não tinha problema,
Seus cascalhos me melhoraram,
E não me importava mais com os problemas.

Rastejando,
Para o meu âmago,
Pude faze-lo feliz,
Pelo íntimo instante.

Seu nome descobri,
Não me importei,,
Nem o tirei o sorriso
Sou seu ombro amigo,
E nunca se esqueça disto,
Tristeza!


João Paulo Capovilla Francischini 01-02-2012

Felicidade

Uma garotinha que se esconde em um beco escuro,
O qual cobri com medo de olhar,
Seu rosto feroz e fugaz,
Ataca quem ousar a observar.

Se persisto em deixá-la ali,
Devora meus pensamentos com os olhos,
E me traz o sempre importuno "será?...".

Quando finalmente resolvo a conhecer,
Ela me ataca ferozmente,
E desde ja comeca a refazer meu caminho,
Antes cheio de pedregulhos,
Agora com heras os encubrindo.

Pergunto seu nome,
E com grande vivacidade,
Em uma dança ousada e feroz,
Ela me exclama,
Felicidade!



                                           João Paulo Capovilla Francischini 01-02-2012

sábado, 28 de janeiro de 2012

Gato Selvagem


Estou conectado a selvageria do dia-a-dia,
Sou como um gato selvagem em uma selva de pedra construída,
Me escondo nas mais ínfimas brechas,
Também posso me expor nos mais altos edifícios, 
Procurando algo para eu me sustentar,
Algo para o qual eu levante minhas garras e tenha um motivo para lutar.

Me conecto a cada pedra gelada,
A cada olhar ardente,
Isto me mostra que o mundo não perdeu sua sutileza.
Deixa minhas garras mais afiadas.

Mesmo Atlas o poderoso Titã,
Mal aguentou o peso do mundo,
Imagine eu,
Pobre gato selvagem,
Que mal aguenta o peso das quedas,
E dos degraus de uma subida,
Aguentar o peso,
De um mundo inteiramente meu,
Mesmo eu sendo inteiramente dele.




João Paulo Capovilla Francischini 28-01-2012