segunda-feira, 14 de maio de 2012

Minhas Putas em vermelho - Neblina angelical

Elizabeth e eu caminhávamos por entre o tempo da vida,
Estava nublado, estava sangrando o céu.E nós,
Bom... nós estávamos respirando as lágrimas de anjos que falharam em proteger.
... nós falhamos primeiro.

Um pouco mais a frente, ao lado da arvore-seca-de-serpentes
Me perguntou :
- O que vai escrever em sua lápide?
- Talvez eu mande desenhar uma seta sem pontas, uma seta redonda. E você?
- Uma garrafa de vinho ...
- Ora bolas. Por que uma garrafa de vinho? Nem alcoólatra você é !
- Não de álcool talvez, mas a vida me embebedou. No meu último sono, querei ficar bêbada também.
- Gosta tanto de dormir assim?
- Todos gostamos nem que por um fatídico dia, fingir um suicídio ao deitarmos na cama.

Fiquei meio abalado por ouvir palavras diretas. Enfim continuamos a andar.
Dei-me o seu braco, me entrelacei a seu sorriso e :
- Nós andamos iguais, nós andamos iguais. De um lado pro outro, pra frente pra trás, nós andam...
-O que foi ? Tava começando a pegar o jeito do seus passos agora poxa.
- Olhe! Achei um pedaço de paixão, semi-novo quase faiscando.
- Chute logo! Esqueceu da regra ? Tem que o chutar para frente, caso contrário vai virar semente.

Assobio do vento, neblina vermelha dando espaço à esperança, baque, assobio decrescente e...

- Ora ora, não é que deu certo ! Caiu em um lago !

O sorriso dela gritava em meus ouvidos. Me agarrou, entrelaçou-se em meu braco :
-Nós andamos iguais, nós andamos iguais...
- Que janela é esta em seu sorriso ? Nunca imaginei que um quadro poderia ser perfeito apenas pela moldura.
- ... De um lado pra outro, pra frente pra trás. Nós andamos iguais! [...] Li em um olhar, que neblina densa forma essas pedrinhas. Não percebe ? Estamos nos afogando enquanto respiramos este ar, estamos nos tornando pedra que ostenta o lar da borboleta que vive um dia, estamos nos tornando aos poucos pedras de amor. Quem irá nos chutar ?
- Que olhar de criança-esperança este que me brota nas orelhas, vejo o som das águas sangrando as paixões latentes deste mundo. Quem irá nos chutar?

Andamos até o lago calmo, posei-me no cume da montanha que dividia realidade e amor. Terra e mar.

Um grito continuo, a neblina dando licença e um molhado que nem peixes podem imaginar.
Eu era sangue, eu era vivo, eu corria por entre meus órgãos vitais.
Não era mais um simples nicho, o rio que eu nadara era um Mar !

-Agora venha Lizzy, mande-me um beijo e vamos nadar!
- Não posso, não devo. Já tingi meus lábios, agora serei pedra. Vou me afundar e afundar. Nade até não ter mais sangue, então me engula e criaremos um novo mar!




João Paulo Capovilla Francischini 14.05.2012


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